Criando e Parafraseando...

Um mundo onde se pode voar e alcançar o inatingível, ficar na ponta dos pés para tocar a luz da lua...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Michael Jackson e Paçoquinha

Passar o Ano Novo na fazenda, completamente isolada do mundo, até tem suas vantagens. Que, no meu caso, tem até nome: Avó e avô.
Televisão... Michael Jackson... Avó...

Minha avó: - Nossa, mas eu fiquei com dó depois que esse moço morreu. Tão
jovem...
Eu: - É vó. -não se deve contrariar pessoas idosas.
Minha avó: - Tão bonito que ele era.

Fiquei em silêncio, não se deve contrariar pessoas idosas, mas concordar com o Michael Jackson ser bonito também já é demais.

Minha avó:- E eu gostava tanto do programa dele.

Eu e meu irmão nos olhamos como quem diz: "?"

Meu irmão: - É... O programa dele era na Record ou na SBT?
Eu: - Acho que ele fez uma novela na Globo. Era importante o moço.

Truco... Paçoquinha... Avô...

Eu: - É, vô, não adianta jogar com o senhor. Ganha todas!
Vó irritada: - Claro, vai todo dia no bar da véia jogar! A véia já morreu e
ele ainda vai lá (expressão inapropriada para menores de idade, mas
que envolve alimentação e algo que todo mundo tem) da véia!
Vô: - Pelo menos eu consigo alguma coisa com isso.

Tira uma paçoquinha do bolso e me dá.
Eu: - Oba! Paçoquinha!
Vô: - Nesse dia perdi umas vezes... Dá próxima vou ir melhor
no truco e te dou uma pipoca doce.
Eu: - xD

domingo, 27 de dezembro de 2009

Resoluções de ano novo

É, passou o Natal. E tão rápido quanto ele, passou esse ano. Parece que a demora do passar de ano é diretamente proporcional ao quanto você vive, ou seja, quanto mais velhos ficamos, mais rápido passa o ano.
Daqui há alguns poucos dias já será o ano que vem (pr'àqueles para quem eu devo, não sei se no ano que vem eu pago) e com o ano vindouro (palavra bonita ou careta?) vem as intermináveis listas de coisas que pretendemos fazer com ele. Como se desse tempo.
Como forma de inspiração para as milhares (sou modesta demais para dizer milhões) de pessoas que leem esse blog, aqui vai a minha:

Coisas que vou fazer no ano que vem:
  1. Ser menos egoísta;
  2. Pensar mais em mim;
  3. Ser mais constante;
  4. Não tentar mudar os outros (a não ser que seja para seu próprio bem...);
  5. Começar a fazer exercícios;
  6. Descançar mais;
  7. Não comprar tanta porcaria;
  8. Ser menos mão-de-vaca;
  9. Tentar utilizar menos expressões idosas, apesar delas serem o "ó" do borogodó;
  10. Estudar mais;
  11. Festar mais com a galera da faculdade;
  12. Tirar mais fotos para a posteridade (mas descartar aquelas em que eu estiver banguela, descabelada, gorda, vesga, com pé grande, com mão aparentando paralisia, perneta, torta, corcunda, com cara de idiota, ou qualquer uma que não seja esteticamente viável e rezar para que ainda sobre alguma foto no final);
  13. Aprender a demonstrar afeição por aqueles que eu sinto alguma (sem parecer sarcástica quando o fizer);
  14. Redecorar o meu quarto (como se ele já fosse decorado...);
  15. Diferenciar o que pode publicar em um blog do que não pode;
  16. Cumprir minhas resoluções de ano novo.

E tenho orgulho em dizer que a única que será difícil de cumprir é a número 16... Afinal, nem tudo pode ser perfeito.

De qualquer forma... Um ótimo fim de ano para todo mundo (sem escorregar na champanhe), e que a cor de suas roupas-de-baixo realmente influencie no ano que virá, pois cada um sabe melhor do que ninguém o que quer.

sábado, 19 de dezembro de 2009

(Mais) Um conto de Natal

Era dia 24 de Dezembro... Poucos minutos para o dia 25, na verdade. Tirando algumas festas de jovens fora do rumo, tudo estava quieto. Em paz.
Quando, de repente, surge algo diferente no céu. A silhueta fica perfeitamente nítida quando "a coisa" passa pela imensa lua cheia. Lá está ele: Papai Noel. Tão esperado para realizar todos os sonhos das crianças e adultos.
Papai Noel baixa seu treno e para em cima do telhado de uma casa normal. Estava no Brasil o bom velhinho, onde poucas casas tem chaminé, mas ele tinha suas próprias técnicas e entra pela janela mesmo. Deixa os presentes, come as bolachas Passatempo que as crianças deixaram influenciadas pela cultura americana e sai.
- Muito bonito... Um senhor na sua idade! -diz um guarda. Uma arma na cintura e uma cara fechada.
- Hã?
- Não se faça de desentendido! Eu vi o senhor saindo pela janela dessa casa. E nesse saco? O produto do roubo?
- Seu policial, eu sou o Papai Noel.
- Ah, ótimo. Essa eu não tinha ouvido ainda! E veja só... -o policial carrancudo- O senhor sabia que estacionou as renas em local proibido? Sorte sua esse não ser o meu setor, amigo.
- Seu policial...
- Vamos lá, chega de desculpas. Abra o porta-malas do trenó.
O Papai Noel, abismado com tudo aquilo e sem muito entender, percebeu que talvez fosse melhor atender aos pedidos do policial para que ele visse logo que havia cometido um erro. Abriu o saco do trenó onde havia deixado os outros presentes. O policial viu todos aqueles brinquedos e pareceu surpreso:
- Óh! Me desculpe! Não sabia! -Papai Noel abriu um sorriso, finalmente o policial havia entendido- O senhor deve ter se sentido muito ofendido por eu tê-lo chamado de ladrão... Afinal, o senhor é um contrabandista ladrão!
- Santo Claus! -praguejou Noel.
- De onde vem todos esses brinquedos? Do Paraguai? O senhor tem contatos na Ponte da Amizade, amigo? Fale aí! De onde vem tudo isso?
- Do Pólo Norte!!
- Não! Já chega! Isso já é demais. Vira aí, velho. O senhor está preso por roubo, contrabando e desacato à autoridade! Pólo Norte, não me vem com essa...
- Mas eu sou o Papai Noel! Como as crianças do mundo ficarão sem mim essa noite? -gritava Noel, irritado enquanto era algemado.
- Pedófilo também? Você é um maníaco! Crianças do mundo? Tem que ser muito pé-de-chumbo para dar a volta no mundo em uma noite... Diz aí, espertão, como faz?
- Eu consigo por causa do fuso-horário! -Noel já tinha a cara encostada no capô da viatura. A barba e os cabelos longos puxados pelo policial.
- Fuso-horário, é? -o policial empurrou o senhor de roupa vermelha para dentro da viatura- Deveria é saber o que significa "cervejinha", amigo. Esse é o Brasil.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Joãozinho Cotoco

Joãozinho era um brigão,
era um menino problema,
só andava na contra-mão,
Joãozinho era um dilema.

Joãozinho tinha o pai "mito",
Joãozinho comia todo dia,
Joãozinho era até bonito,
Joãozinho até na missa ia.

Joãozinho foi pego por cinco grandões,
ficou preso, amarrado e faminto,
viu que eram todos machões,
e eles lhe cortaram o braço.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Passado, Presente e Futuro

A vida é uma iniquidade!
Nunca estamos satisfeitos. Sempre pensamos no amanhã (mesmo não sabendo se ele irá existir), assim como sempre damos um tremendo valor ao que já passou (mesmo que, oras!, ele já tenha passado!).
A primeira memória concreta que tenho da minha vida é do dia 22 de fevereiro de 1992. Acreditem ou não, a festa do meu primeiro aniversário... Da minha tia Bia me segurando na balança do clube em que foi a festinha... Depois disso lembro de mais um quinquilhão de coisas, que provavelmente não caberiam em um livro, muito menos em um post de blog.
Não que eu tenha vivido demais... Mas porque eu me lembro demais...
Lembro que quando eu tinha três anos, uma criança miudinha levada pela mãe para a escolinha, se minha mãe me dissesse que estava perto do meu aniversário e algum aluno mais velho (do ensino médio, provavelmente, que estava matando tempo à tarde no colégio), me achava fofinha pelo meu tamanho diminuto e perguntava quantos anos eu tinha, eu já adicionava um dedo à minha contagem de anos de vida.
Eu queria crescer. Eu queria poder ir a pé para a escola. Eu queria poder carregar todo o meu material em uma mochila de rodinhas, e não apenas levar aquelas pastinhas de elástico pra casa quando tinha tarefa (coisas realmente complicadas como colar gravuras e ligar pontos).
No ensino médio, descobri que levar o material para casa todos os dias não era lá grandes coisas... E também estava louca para fazer 18 anos para poder dirigir. Ir para a faculdade dirigindo, então? Ah! Que sonho! A faculdade... Reino distante onde todos os sonhos se realizam.
Agora... É comum. O que eu quero? Muita coisa. Principalmente ficar mais velha para poder ganhar mais dinheiro. (não que seja algo proporcional, mas acho que vocês me entenderam). E ao mesmo tempo, gostaria de voltar a ser criança para poder brincar na caixa de areia, dar tchau pro chafariz, assistir Pica-Pau antes do almoço e Os Trapalhões depois, e, acima de tudo, não ter tantas responsabilidades.
Provavelmente daqui alguns anos irei sentir falta de tomar coca-cola com a galera da faculdade, quando nós sentávamos despretensiosos e lembrávamos dos velhos tempos... Dos velhos desenhos... Dos velhos doces... Dos velhos amigos...
E, se antes eu adicionava dedos à minha contagem de anos vividos, irei fazer exatamente o contrário, pedindo para que meu aniversário não chegue tão rápido, e que, se puder, que o tempo pare e eu fique só de espectadora das minhas próprias memórias.

sábado, 21 de novembro de 2009

O Malandro e a Freirinha

Ele era de boa família, mas nem por isso havia se salvado: Latoeiro de profissão, trambiqueiro por vocação. Ela, apesar do gosto pela teologia, deixara o convento antes de tornar-se efetivamente freira, e agora trabalhava como secretária e fazia o cafézinho.
Ele não gostava de café, mas agora poderia esvaziar uma garrafa cheia. Ela não era muito detalhista, mas agora achava coisas tortas por todo canto.
Aos poucos a intimidade deles, apesar de silenciosa, tornou-se palpável. Ela às vezes encurtava ainda mais o que já era o apelido dele; ele mostrou-se atencioso, coisa que antes só fazia com os carros que consertava.
Ele começou a errar a pintura do Opala 86. Ela começou a fazer o café, que antes era perfeito, amargo demais.
Ele começou a passar perfume e fazer a barba, mesmo sabendo que no fim do dia acabaria todo sujo e cheirando a graxa. Ela passava batom e se vestia o mais caprichosamente que podia, mesmo que o batom acabasse borrado por conta da falta de prática e as blusinhas mostrassem os braços parte morenos, parte branquelos, pela falta de sol.
Um dia ele consertou um carrinho quadriciclo na empresa e chamou ela para dirigir. Ela nunca se sentira tão feliz com os cabelos ao vento e ele sentado ao seu lado.
"Ah, como é lindo o amor" eu disse enquanto continuava o meu serviço e olhava pela janela, tomei um gole de café e fui dominada pela azia devida ao amargo exagerado "pelo menos enquanto eu não tiver que demitir ninguém por causa disso."

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Bernardo e o Muro

Bernardo era um menino de uma cidade minúscula, e, como tantos outros meninos de cidades minúsculas, desde muito cedo os pais de Bernardo confiavam ao filho algumas moedas para comprar leite e pão na venda, deixavam que ele fosse de bicicleta quando tinha circo ou um pequeno parque e davam liberdade para as brincadeiras de rua que, às vezes, não era bete.
A única proibição que Bernardo tinha era que ele não poderia, de forma alguma, ir para o outro lado de um grande muro de pedras que tinha na cidade. Um muro tão alto que seria necessária muita força de vontade para pular e, tão longo que várias vezes Bernardo e seus amigos tentaram encontrar o fim do muro sem sucesso.
Muitas eram as histórias sobre o que havia atrás do muro, pois, apesar de proibido, ninguém sabia responder ao certo o que, de fato, tinha lá. As hipóteses eram muitas e iam desde uma prisão para demônios que, de tão maus, não conseguiram ficar no inferno, até um buraco negro que sugava a alma dos mentirosos.
Mas uma coisa era certeza: os corajosos (ou estúpidos) que iam para o outro lado do muro nunca mais voltavam.
O problema era que Bernardo era um menino muito curioso e a liberdade que seus pais haviam lhe dado desde muito cedo, fez com que essa curiosidade se aflorasce ainda mais.
E se atrás do muro tivesse algo muito, muito bom? Talvez fosse por isso que ninguém voltasse!
Um dia, depois da aula, Bernardo estava brincando na rua com seus amigos quando Paulinho, o menino mais rico da cidade, filho do dono do mercadinho, de quem havia ganhado uma linda bicicleta nova, amarela, igualzinha à da televisão, chegou contando vantagem com sua bicicleta:
- Olhem minha bicicleta nova! Nenhum de vocês tem uma igual!
Eu vou para qualquer lugar com ela!
- Pois eu duvido que você vá para o outro lado do muro! -disse
Jorginho, filho do Seu Jorge, o jardineiro. Todos riram.
Paulinho fechou a cara torcendo o nariz. Por essa ele não esperava. Olhou para a bicicleta novinha. Rapidamente lhe veio uma ideia para se sair bem daquela:
- Pois se alguém for para o outro lado do muro, irá
ganhar a minha bicicleta novinha!
Bernardo olhou. Aquela era sua chance! Veria o que tinha do outro lado do muro e ainda ganharia uma bicicleta nova! Seus pais não poderiam brigar com ele por ter subido no muro se o motivo fosse nobre.
- Eu vou! -falou Bernardo.
Todos os garotos arregalaram os olhos espantados. Paulinho inclusive, pois não acreditava que alguém fosse aceitar o desafio. Bernardo levantou-se e, com a expressão mais corajosa que conseguiu, foi andando até o muro. E, como todo garoto audaz de cidade minúscula, ele colocou seus dedinhos entre as pedras e começou a escalar o muro gigantesco.
Lá embaixo o tumulto era geral. Enquanto alguns incentivavam-o com "Você vai conseguir, Bernardo!" outros, mais responsáveis, gritavam "Desce daí, Bernardo!" e, claro, o grupo de Paulinho gritava "Você logo vai cair, Bernardo!"
Mas Bernardo continuava sua escalada, seus dedinhos doendo, e sua sandália muitas vezes escorregando nos pequenos vãos das pedras do muro. Mas ele continuou... Continuou... Continuou... Até que chegou ao topo!
Bernardo colocou o braço em cima do muro e se apoiou. Quando seus olhos alcançaram o outro lado do muro, ele viu algo que nunca, em toda a sua vida, esperava ver. Ele abriu a boca espantado. Mas seus braços e pernas estavam cansados da escalada, e, talvez com a emoção da surpresa, acabaram cedendo de vez e ele caiu todo o tamanho do muro.
Cinco dias depois, Bernardo acordou em uma cama de hospital. Aos poucos suas lembranças foram aparecendo, e, assim como todas as outras, veio também a visão do outro lado do muro. Seus pais chegaram e o abraçaram forte quando viram que o filho estava bem e inteiro e, depois de toda a emoção, perguntaram finalmente:
- E então, Bernardo, o que tem do outro lado do muro?
Bernardo sorriu por finalmente poder matar a curiosidade de todo mundo. Abriu a boca para falar... Mas tinha ficado mudo.